Muitas mães, pais e educadores se questionam sobre os modelos femininos que há décadas vêm inspirando as meninas mundo a fora.

Princesas brancas, magras e passivas à espera de um príncipe para resgatá-las não têm feito muito bem para o desenvolvimento das nossas meninas.

Nem para a formação dos nossos meninos!

Uma variedade imensa de tipos físicos, raças e, principalmente, de possíveis ambições na vida são deixados de lado nos clássicos contos de fadas. Isso cria uma falta de conexão profunda com a vida no século 21.

Algumas iniciativas para sair deste padrão já foram criadas mas ainda são pontos isolados em um oceano de glitter rosa.

Um exemplo é o GoldieBlox, um  brinquedo para meninas que estimula a construção e o raciocínio matemático criado pela engenheira mecânica Debbie Sterling.

Incomodada com a falta de modelos femininos mais fortes e realistas para sua filha Setsu Shigematsu, professora de Comunicação da Universidade da California, nos Estados Unidos, resolveu fundar uma empresa com foco em ferramentas educacionais voltadas para uma mudança de mentalidade sobre o universo feminino.

A empresa Guardian Princesses (Princesas Guardiãs) foi fundada em 2013 e a sua primeira iniciativa é uma série de livros que mostra as aventuras de uma turma de meninas multirraciais: as Princesas Guardiãs.

São sete princesas que protegem a natureza, as pessoas e que se tornam um modelo de diversidade, de compaixão e de colaboração.

Guardian Princesses

A missão da empresa é ambiciosa: mudar o significado cultural das princesas para transformá-las em modelos de mulheres mais capazes de tomar decisões e de criar mecanismos para proteger as pessoas e o planeta.

Além disso, a idéia é integrar as estórias das princesas guardiãs ao sistema educacional americano para fomentar o ensino das matérias tradicionais de um jeito diferente e, ao mesmo tempo, incorporar princípios de ética, colaboração, atitude sustentável e inclusão social.

A proposta é bem bacana, mas algumas críticas ressaltam que as princesas guardiãs ainda são muito bonitas, sensuais e parecidas com as princesas que fazem parte da nossa infância. Outros comentários mostram que os personagens masculinos que entram nas estórias são ameaçadores, o que poderia manter a guerra dos sexos.

Críticas à parte, a iniciativa merece respeito e pode servir de inspiração para um movimento maior. Vale a pena explorar o site da empresa (em inglês) para entender melhor o projeto como um todo.

Talvez este seja um começo de uma onda de aventuras onde princesas guardiãs e super heróis sejam parceiros na luta da vida e na preservação do nosso planeta.

Precisamos oferecer também para os meninos modelos masculinos diferentes.

“Batmans” que sejam mais capazes de cuidar deles mesmos e dos outros. “Super-Homens” que entendam melhor as próprias emoções e que possam expressá-las livremente. “Incríveis Hulks” que tenham o direito de lutar de formas alternativas livres de músculos e de agressividade excessiva.

Estamos muito carentes de iniciativas que integrem cada vez mais as nossas meninas com os nossos meninos.

O desafio é enorme!  Mas, desta forma, as gerações digitais serão mais empáticas, companheiras e colaborativas de verdade.