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Nos últimos 10 anos, tenho tido a oportunidade de atuar como consultora de Inovação em Psicologia e Educação. Durante esse tempo, observei que organizações de diversos setores apresentam níveis diferentes de maturidade para inovação. Dentro deste contexto, existe uma dimensão importante que impacta diretamente a capacidade das pessoas para inovar: a maturidade psicológica para inovação.

É comum encontrarmos pessoas tecnicamente bem preparadas, porém munidas de um repertório psicológico para inovar bastante limitado.

Apesar de preocupante, esta dificuldade é bem compreensível. Sabe por quê? Porque inovar bagunça muita coisa. Ela gera sentimentos contraditórios, desencadeia conflitos entre diferentes áreas da mesma instituição, não traz garantia de sucesso e pode promover um sofrimento nas pessoas. Do ponto de vista da Psicologia da Inovação fechar os olhos e negar esta dimensão psicológica é muitas vezes a única maneira de se defender dos desconfortos e sofrimentos.

O problema é que esta negação vai se tornando uma bola de neve invisível que, em algum momento, atropela a saúde mental das pessoas que tentam inovar. Para enfrentar esta situação é possível ter apoio e suporte específicos que levem em consideração as características únicas dos contextos inovadores.

A maturidade psicológica para inovação pode ser investigada tanto no nível individual quanto sistêmico dentro de uma organização. A prontidão das pessoas para inovar (ou a falta dela) afeta a maturidade da instituição como um todo.

Existem alguns elementos que compõem a maturidade psicológica para inovação das pessoas e das organizações. Um deles é o nível de consciência da dimensão emocional para inovar. Esse nível pode ser avaliado pela continuidade e profundidade das ações ligadas ao cuidado com quem inova.

Sabe aquela palestra inspiradora ou mesa redonda de discussão ou “bate-papo informal” de um especialista convidado?

Então, que caminhos essas iniciativas tomam a partir dali? Eles se transformam em um processo mais aprofundado de treinamento e desenvolvimento humano para inovar? A organização de fato mergulha na dimensão humana das pessoas envolvidas nos processos de transformação?

Normalmente não. Esta falta de continuidade também acontece quando o assunto é Diversidade & Inclusão, ESG, Economia Circular e outros temas urgentes.

A transição para uma cultura de inovação dentro das organizações não acontece a partir de uma colcha de retalhos desconexos composta de ações pontuais e sem continuidade somente para alimentar o teatro da inovação.

A falta de aprofundamento sobre a dimensão emocional para inovar é um dos sinais de baixo nível de maturidade psicológica para inovação.

A jornada para a inovação exige tempo, investimento e um olhar afetivo em relação aos desafios e às resistências psicológicas que surgem ao longo do árduo percurso para inovar. Acolher as dores e os paradoxos inerentes à esse caminho é fundamental para uma transformação cultural significativa.