Certamente, vocês já escutaram que as crianças e os jovens de hoje são superficiais, não têm capacidade de concentração, têm pouca habilidade social e são menos inteligentes do que as gerações anteriores. Isso porque eles passam tempo demais conectados na internet e imersos nos dispositivos digitais.
Mas, será que é isso mesmo?
Os Millenials, jovens nascidos a partir da década de 80, estão com a reputação bastante comprometida.
Um exemplo desta visão é o livro vencedor do prêmio Nautilus “The Dumbest Generation: How the Digital Age Stupefies Young Americans and Jeopardizes our Future” de Mark Bauerlein (2008- “A Geração mais idiota: como a era digital emburrece os jovens americanos e prejudica nosso futuro”).
Segundo Bauerlein, os jovens americanos usam a tecnologia e as redes sociais para prolongar a adolescência e para se relacionar somente com pessoas do próprio grupo. Ele acredita ainda que a geração digital é “anti-intelectual”, desinteressada pela realidade global e incapaz de pensar de maneira crítica.
Muitos adultos concordam com este ponto de vista. Por um lado, isso é compreensível. São muitas mudanças acontecendo rapidamente e tudo que é novo tende a gerar desconfiança, medo e até um certo desprezo.
Mas será que existem estudos consistentes que nos fornecem outra visão sobre a geração digital?
Don Tapscott, psicólogo, mestre em Educação e especialista em Tecnologia e Inovação escreveu vários livros importantes como: “Wikinomics: How Mass Collaboration Changes Everything“. Tapscott tem uma perspectiva bastante diferente da descrita acima sobre as gerações digitais e sobre o impacto da tecnologia nas sociedades.
Inspirado por seus filhos e curioso sobre o impacto da tecnologia no desenvolvimento deles, Tapscott fez uma pequisa com 11 mil jovens no mundo entre 2006 e 2008 chamada “ The Net Generation: uma Investigação Estratégica“. Este estudo resultou no livro “Grown Up Digital: How the Net Generation is Changing your World”, 2008, (“Crescidos Digitalmente: como a geração net está mudando o seu mundo”).
Os resultados deste estudo foram muito interessantes e não somente lançaram uma nova luz sobre as características das gerações digitais como também tem influenciado diretamente a educação e o mercado de trabalho.
A partir deste estudo, foram descritas oito características dos jovens digitais.
1- Valorizam a liberdade de escolha
2- Querem customizar as coisas, deixando suas marcas nelas
3- São naturalmente colaboradores e co-criadores
4- Valorizam o diálogo
5- Analisam as pessoas e as instituições
6- Valorizam a integridade
7- Querem se divertir e ter prazer tanto na escola como no trabalho
8- Consideram a Inovação e a velocidade parte de suas vidas.
Outra contribuição importante é o livro “Generation WE: How Millenial youth are taking over America and changing our world forever” (“Geração Nós: como os Millenials estão controlando a America e mudando nosso mundo para sempre”), de Eric Greenberg- 2008. O livro é resultado de uma pesquisa profunda feita com 2000 jovens pela GBA Strategic Communications, um dos institutos de pesquisa mais respeitados dos Estados Unidos. Generation WE explora a crescente força desta geração, mostra como ela está mais preocupada com o futuro do planeta e engajada em projetos de impacto social.
Para Greenberg, os jovens estão muito inspirados e prontos para mudar o mundo para melhor.
Claro que nem tudo são flores. A geração digital enfrenta desafios que exigem uma maturidade maior do que as gerações anteriores precisaram. Impacto da exposição na internet a longo prazo, infinitas opções para serem escolhidas, excesso de informação, instabilidade constante no mundo, etc…
Por tudo isso, eles precisam mais ainda da orientação dos adultos e de um sistema educacional que os prepare melhor para o cotidiano e para o futuro.
Mais importante ainda, é que os adultos acreditem no potencial dessas novas gerações.
Andrea Lo, uma americana de 26 anos, resolveu largar o seu emprego como consultora e criar uma empresa de crowdfunding para crianças chamada Piggybackr. Seu empreendimento é um sucesso e ela vem sendo requisitada para dar palestras em vários lugares.
Em uma delas entiltulada “The Millenial Generation: Screwed? ( “Geração Millenial: ferrada?”) Andrea mostra como a desesperança dos adultos afeta os jovens e como é importante incentivá-los a agir. Muito inspirador! (em inglês)