Há alguns anos uma tendência vem ganhando força na arquitetura, especialmente nos Estados Unidos: a escolha de “minicasas” como principal forma de moradia. Minicasas são construções de até aproximadamente 40 metros quadrados e são a manifestação de estilo um de vida diferente, seja por uma limitação financeira e/ ou pela preferência de um modo de viver mais consciente e sustentável.
As minicasas têm ainda um toque mágico: são uma conexão direta com a nossa infância, pois nos remetem às aventuras vividas nas casas na árvore e nas casinhas de boneca.
Junto com este movimento cresce também a implementação de projetos em sala de aula como instrumento principal de aprendizado em escolas de vários países.
Que tal integrarmos o movimento das minicasas ao ensino baseado em projetos em prol de um aprendizado mais eficiente?
É o que algumas escolas já estão fazendo. Por exemplo, a High Tech High na Califórnia (EUA) criou um projeto onde os alunos desenharam e construíram uma minicasa com foco em eficiência em termos de energia e sustentabilidade. E a Odyssey Leadership Academy em Oklahoma (EUA) desenvolveu o projeto “Resgatando o Lar” (“Redeeming Home”) através da construção de uma minicasa.
Vários aspectos foram avaliados na performance dos alunos como compreensão dos conteúdos ensinados em algumas matérias, como matemática, biologia, história e geografia, assim como habilidades socioemocionais como esforço, determinação, motivação e inspiração.
Acredito que a construção de uma minicasa no contexto escolar pode ser muito rico por possibilitar a inclusão de vários outros elementos no processo de aprendizagem:
– resolução de um problema específico real de um bairro, como a falta de algum espaço importante na comunidade.
– desenvolvimento de uma educação emocional e de competências para o século 21 como resolução de problemas, tomada de decisão, planejamento, determinação, foco. Além disso, estimular o aluno a refletir e a lidar com as emoções ao longo da construção da mini casa. Ex: frustração, animação, medo de não conseguir, ansiedade, etc.
– consideração de um Design Emocional, ou seja, aquele que envolve o usuário no projeto. Perguntas como: “Quais são as necessidades físicas, sociais e emocionais de quem vai utilizar a mini casa?” são guias no processo de design com o objetivo de criar um ambiente favorável ao bem-estar do morador.
– inclusão de conhecimentos sobre Economia Circular e sustentabilidade.
– estímulo para reflexão sobre consumismo e sobre novas formas de consumo.
O projeto de uma minicasa nas escolas está alinhado com várias tendências em educação como movimento maker, habilidades socioemocionais, aprendizado baseado em projetos, ensino baseado em problemas e serviços, educação para a sustentabilidade, Design Thinking, etc.
Uma minicasa construída pelos alunos pode ser usada como uma biblioteca, um laboratório ou um espaço para brincar, por exemplo. Pode ainda dar suporte a algum serviço público no bairro, o que estimula as crianças e adolescentes a criar em prol da comunidade.
Muitas pessoas podem pensar que este tipo de projeto só é possível de acontecer em escolas privadas e com altas mensalidades.
Mas não necessariamente.
A construção de uma minicasa como parte de um projeto escolar pode contar com a participação de toda a comunidade. Por exemplo: pais e mães que são mestres de obra, engenheiros ou arquitetos podem se engajar voluntariamente, lojas de materiais de construção talvez doem os materiais necessários, uma campanha de crowdfunding pode ser feita e parcerias entre a escola e outras instituições pode tornar o projeto viável.
Enfim, as oportunidades de aprendizado ao integrar o movimento de minicasas com o ensino baseado em projetos são enormes e precisamos aproveitá-las.
Assista ao vídeo abaixo com o exemplo do projeto da Odyssey Leadership Academy (em inglês).